Aos vencidos, as costas; aos vencedores, os aplausos; aos vencidos, as vaias, aos vencedores, os honras; aos vencidos, a indiferença; aos vencedores, a glória; aos vencidos, o esquecimento, aos vencedores, a fama.
Sobre os vencidos, Machado de Assis, até hoje o melhor escritor brasileiro, escreveria, utilizando-se de sua fina sátira, um belo conto ou uma extraordinária crônica; Dostoiévski, autor de o Idiota, uma bela estória ; Vitor Hugo, que escreveu Os Miseráveis, criaria um encantador romance; Lima Barreto, que nos brindou com O Triste Fim de Policarpo Quaresma, triste estória de um idealista, faria uma excelente obra literária e Miguel de Cervantes, autor de Dom Quixote que lutou contra moinhos de ventos, escreveria um outro clássico.
As medalhas vão para os primeiros, os vencedores, os heróis; aos vencidos, ninguém quer saber sua história, seu sacrifício, sua luta. A poucos interessarão se continuarão lutando, caminhando e se superando. Os holofotes não se voltarão a eles, só quando vencerem, quando forem os primeiros.
Na política, os vencidos serão esquecidos, desprestigiados, não serão notícia. Ficarão em segundo plano. Poucas entrevistas, nenhum poder.
Os vices, expectativa de poder, serão poucos lembrados, e terão nenhum holofotes. Os eleitores poucos saberão seus nomes. Serão reservados e até tímidos.
Ninguém escreve livros sobre os vencidos. Eles, os vencidos, em qualquer segmento da atividade humana, têm muito a ensinar. Seus caminhos, íngremes e pedregosos, serão lições indescritíveis de luta e persistência. Suas decepções, serão ensinamentos preciosos de vida; sua disciplina e coragem constituem exemplos marcantes do que querem; sua resiliência, ao não vencer, revela grandeza e personalidade.
Não vencer, muitas das vezes, revela atitude e grande aprendizado. Revela, por paradoxal, heroísmo e resignação. Revela humildade e paz. Revela espiritualidade e estoicismo.
Ser vencido, revela saber encarar a adversidade. Revela saber ser forte. A derrota ensina muito. O não aplauso ensina. O não chegar, quando mais se quer, aprimora o espírito e realça a personalidade.
Aplaudo os que vencem, mas admiro os que não chegam. Parabenizo os vitoriosos, porém ouço os que não lograram êxito. Os vencedores têm histórias bonitas; os vencidos, histórias comoventes. Aconselho os vencedores não se tornarem vaidosos, e aos vencidos não ficarem desanimados, nem revoltados. Os vencedores poderão aprender o valor da humildade; os vencidos, os valores da persistência, da resiliência e da luta.
Aos vencedores todas as pompas, pois nos legam o caminho da vitória; aos não vencedores, todo o nosso respeito, pois nos ensinam o dever da persistência, da abnegação e da humildade. São lições de vida exuberante.
Vencidos e vencedores são seres humanos que acertam e erram, que amam e odeiam. São apenas seres humanos que, no curso da existência, aprendem na luta diária. Já vi vencedores que foram vencidos e vencidos que se tornaram vencedores. Bem sucedidos que fracassaram e os que fracassaram serem vitoriosos, também. Todos, sem exceção, merecem nosso aplauso e respeito.
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