A celebração da cultura nordestina na noite do último sábado (28), transformou-se em um cenário de confusão durante a final da etapa Agreste/Sertão do Circuito Alagoano de Quadrilhas Juninas, promovido pela Liga de Quadrilhas Juninas de Alagoas (LIQAL). O evento, realizado em Delmiro Gouveia, deveria exaltar as tradições juninas, mas foi palco de tensão e desrespeito envolvendo as quadrilhas Canarraiá e Gonzagão, ambas de Arapiraca.
A polêmica teve início após a divulgação da classificação para a grande final estadual. As quadrilhas Girassol e Canarraiá empataram com 149,9 pontos, garantindo a liderança, enquanto a Quadrilha Gonzagão ficou em terceiro lugar, apenas um décimo atrás, com 149,8 pontos.
Segundo informações do perfil Insider Junino, o presidente da Quadrilha Gonzagão, Netinho Cavalcante, contestou a nota atribuída à sua agremiação, questionando a avaliação do quesito alinhamento dos componentes — item que, conforme o regulamento da LIQAL, não pode ser contestado.
Após diversas tentativas de alteração na pontuação serem negadas, a situação escalou para agressões físicas. De acordo com uma nota oficial da Quadrilha Canarraiá, o diretor da Gonzagão teria agredido Damião Teixeira, representante da Canarraiá, empurrando-o do palco e proferindo ofensas a outras juradas e integrantes. A situação ficou ainda mais tumultuada quando, segundo relatos, Netinho fez gestos obscenos para a plateia ao ser convidado a se retirar.
O incidente não só envolveu as quadrilhas em questão, mas também alarmou outros grupos e membros da organização do evento. Um integrante da Canarraiá relatou que a jurada Xiluva, que é autista, teria sofrido pressão de Netinho para mudar a pontuação.
“Todas as quadrilhas que estavam lá defenderam as juradas”, afirmou o membro, ressaltando a necessidade de respeito no ambiente junino.
Em resposta aos acontecimentos, a direção da LIQAL, por meio de José Romário, anunciou que o conselho de ética da entidade foi acionado para investigar os fatos. Com quatro décadas de tradição no movimento junino, Romário manifestou repúdio a qualquer tipo de agressão, enfatizando a importância de dançar com amor, respeito e responsabilidade.
A Quadrilha Gonzagão, por sua vez, negou intenção de provocar confrontos e reconheceu o empurrão a Damião Teixeira, mas alegou que foi um “reflexo instintivo de autodefesa” diante de uma suposta ameaça. A agremiação ainda acusou integrantes da Canarraiá de instigarem conflitos, pedindo uma apuração “isenta, equilibrada e justa” sobre os incidentes, reafirmando seu compromisso com a ética e o respeito entre os grupos juninos.
Gonzagão nega agressão e alega "reflexo instintivo"
Em sua defesa, a Quadrilha Junina Gonzagão também divulgou nota oficial, negando a intenção de iniciar confrontos. A direção da agremiação reconheceu o empurrão a Damião Teixeira, mas alegou que foi “um reflexo instintivo de autodefesa” diante de uma suposta ameaça. A nota ainda acusa integrantes da Canarraiá de incentivarem gritos ofensivos e de contribuírem para o tumulto que impediu a conclusão da análise do recurso.
A Gonzagão ainda pede que a LIQAL conduza uma apuração “isenta, equilibrada e justa” dos acontecimentos, reforçando seu compromisso com a ética e com o respeito entre os grupos juninos.
Veja a nota das duas quadrilhas:
A Quadrilha Junina Gonzagão vem a público esclarecer os fatos ocorridos na noite de ontem, durante a etapa do Circuito Alagoano realizada no município de Delmiro Gouveia, a fim de preservar a verdade e garantir o devido respeito à nossa agremiação.
Ficou evidente que a Quadrilha Canarraiá não apresentou qualquer objeção ao recurso interposto por outra Quadrilha, uma vez que tal revisão de nota não a causaria risco. Contudo, ao perceberem que o recurso da Quadrilha Gonzagão poderia resultar em um empate técnico, integrantes da Canarraiá – especificamente os senhores Wellington e Damião – passaram a tumultuar o ambiente de forma deliberada, interferindo diretamente no processo de análise da nossa solicitação.
Durante uma conversa pacífica e respeitosa com as juradas, fui surpreendido pela aproximação agressiva do senhor Damião, que apontou o dedo em meu rosto com gritos de forma ameaçadora. Em um reflexo instintivo de autodefesa, o empurrei com o único objetivo de afastá-lo e preservar minha integridade física. A partir deste momento, o tumulto se intensificou, comprometendo totalmente o ambiente de diálogo e civilidade que deveria prevalecer.
Cabe ainda destacar que o presidente da mesa, senhor José Romário, presente no momento, confirmou que a jurada responsável iria resolver a situação e realizar a devida análise do recurso. No entanto, diante da crescente hostilidade promovida por membros da Canarraiá, gritos e tumultos tomaram conta do ambiente, levando o presidente da mesa a pedir que todos se retirassem para evitar maiores conflitos.
Ressaltamos que há registros em vídeo que comprovam que, em nenhum momento, nossa postura foi desrespeitosa com os jurados ou com membros de outras quadrilhas. Nosso único intuito era exercer o legítimo direito de recorrer à nota, conforme assegurado pelo regulamento da competição.
Também é possível observar em filmagens o senhor Damião, junto à quadrilha Canarraiá, incentivando gritos ofensivos como “ir fora”, incitando comportamentos hostis e violentos contra nossa equipe. Tal atitude é inadmissível, especialmente partindo do presidente de uma agremiação que deveria zelar pela ordem e pelo respeito entre os participantes.
Pedimos desculpas ao público presente pelos transtornos causados, e solicitamos à Direção Executiva da LIQAL que realize uma apuração isenta, equilibrada e justa dos acontecimentos, considerando a conduta de todas as partes envolvidas. Não aceitaremos que recaia exclusivamente sobre a Gonzagão uma responsabilidade que, se houver, deve ser analisada em sua totalidade, inclusive no que diz respeito às ações dos membros da Canarraiá que partiram para agressões verbais e ameaças físicas.
Reiteramos que em nenhum momento houve intenção de iniciar qualquer tipo de confronto. O gesto de empurrar foi uma reação imediata a uma atitude claramente intimidadora, e não deve ser interpretado fora do contexto em que ocorreu.
A Quadrilha Junina Gonzagão reafirma seu compromisso com a cultura popular, a ética nos concursos e o respeito entre as agremiações, e continuará lutando para que os direitos de todos os grupos sejam respeitados, sem exceção.
"A Quadrilha Junina Canarraiá reafirma seu compromisso com o respeito e a integridade de todos os envolvidos no universo das quadrilhas juninas. Não compactuamos com qualquer tipo de agressão, seja física, verbal ou moral.
Diante do acontecido na final da etapa agreste do concurso alagoano 2025, em Delmiro Gouveia na data de 28/06/2025, através dos vídeos que o presidente da quadrilha Gonzagão, não aceitou o resultado soberano do júri, intimidando-os para que alterassem as notas, não o bastasse o ato infracional, diante do regulamento da LIQAL, agrediu fisicamente o representante da Canarraiá Damião Teixeira, empurrando-o do palco, e mesmo com todos os pedidos da organização do evento e de TODO o público presente para que se retirasse do local e aceitasse o resultado, fez gestos obscenos para a plateia.
Reiteramos também que compreendemos e respeitamos a autonomia e a soberania das decisões tomadas pelos jurados em qualquer competição da qual participamos. Acreditamos que o caminho do diálogo, da empatia e do compromisso com a cultura popular deve sempre prevalecer.
Seguimos firmes, dançando com amor, respeito e responsabilidade!"
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