Os Beatles, uma das bandas mais icônicas da história da música, estão novamente nas manchetes após serem indicados ao Grammy de Gravação do Ano por sua nova canção “Now and Then”, que utiliza tecnologia de inteligência artificial (IA). A indicação gerou um intenso debate sobre o papel da IA na criação musical, levantando questões sobre ética e autenticidade na indústria.
A canção "Now and Then" foi criada com o uso de tecnologia de separação de stem, que isolou os vocais de John Lennon de uma gravação antiga.
A Academia de Gravação permitiu que a música fosse considerada para o Grammy, destacando a elegibilidade de trabalhos que utilizam elementos de IA.
A vitória dos Beatles no Grammy de Melhor Performance de Rock marca um momento histórico, mesmo décadas após o fim da banda.
A canção “Now and Then” foi desenvolvida a partir de uma gravação caseira de John Lennon, feita nos anos 70. A tecnologia de IA utilizada, conhecida como separação de stem, permitiu limpar a gravação original, que estava repleta de ruídos. Essa ferramenta isolou a voz de Lennon, tornando a música utilizável novamente.
Os outros membros da banda, Paul McCartney e Ringo Starr, contribuíram com novos arranjos e gravações, incluindo partes de guitarra de George Harrison, que foram registradas em 1995. Essa colaboração entre tecnologia e músicos vivos trouxe de volta a essência da banda, emocionando fãs ao redor do mundo.
A indicação dos Beatles ao Grammy reacendeu discussões sobre o uso de IA na música. A Academia de Gravação tem enfrentado críticas e preocupações de artistas sobre a ética da música gerada por tecnologia. Em 2023, a Academia decidiu que apenas criadores humanos são elegíveis para prêmios, mas permitiu que trabalhos que incorporam elementos de IA sejam considerados.
Essa decisão reflete um reconhecimento de que a tecnologia pode ser uma ferramenta valiosa, desde que não substitua a criatividade humana. McCartney afirmou que “nada foi criado artificialmente” na nova faixa, enfatizando que a tecnologia foi usada para aprimorar, e não para substituir, a arte.
A vitória dos Beatles no Grammy gerou reações mistas. Enquanto muitos fãs celebraram a conquista, outros expressaram preocupações sobre a legitimidade da música criada com a ajuda de IA. A cantora e compositora Mary Bragg comentou que a tecnologia utilizada é comum na indústria, mas que as implicações do uso de IA na música ainda são um “grande problema”.
Linda Bloss-Baum, professora e membro da diretoria da Songwriters of North America, destacou que, embora existam aspectos negativos associados à IA, a tecnologia usada na faixa dos Beatles é um exemplo positivo de como a IA pode beneficiar artistas.
A indicação e vitória dos Beatles no Grammy não apenas celebram a música da banda, mas também abrem um diálogo importante sobre o futuro da criação musical em um mundo cada vez mais influenciado pela tecnologia. A interseção entre arte e tecnologia continua a evoluir, e a forma como a indústria musical lida com essas mudanças será crucial para o futuro da música.
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